Volunteer Escapes Camps Açores: Controlo de Invasoras e Voluntariado Local
17 Fev 2021
Volunteer Escapes Camps Açores: Controlo de Invasoras e Voluntariado Local
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No âmbito do projeto Volunteer Escapes Camps Açores, estão a ser executadas intervenções focadas no controlo de espécies invasoras, nas diferentes ilhas onde estão a ser desenvolvidos os campos, constituindo grave ameaça aos habitats e biodiversidade local, bastante sensíveis a alterações e profusa em endemismos, com o envolvimento de jovens voluntários locais como eixo para um envolvimento a longo prazo da comunidade nesta problemática. 

A dispersão de invasoras nos Açores tem gerado diversos problemas ecológicos, com particular impacto numa região rica em endemismos. As invasoras têm uma grande capacidade regenerativa e de germinação, colonizando rapidamente o lugar das espécies autóctones, alterando por vezes a água e nutrientes disponíveis no solo e podendo levar ao desaparecimento das espécies, resultando na perda dessa biodiversidade nativa, que também se traduz na alteração dos habitats e na riqueza das cadeias tróficas.

Neste artigo iremos destacar duas espécies: o Hedychium gardnerianum e o Carpobrotus edulis.

Hedychium gardnerianum, também conhecida como conteira, roca, roca-da-velha, choupa, bananilha, roca-do-vento, rubim, flor-de-besouro, que pertence à família Zingiberaceae, é oriunda da Índia, Este dos Himalaias e Nepal. Hoje em dia está difundida em todas as ilhas do Arquipélago dos Açores. Os ambientes preferenciais de invasão são as margens de linhas de água, áreas perturbadas, agrícolas e florestais. O crescimento rápido e denso leva à formação de áreas impenetráveis que impedem o crescimento da vegetação nativa e nas margens das ribeiras e nos canais de drenagem levam ao aumento do risco de inundações.

O campo de voluntariado na ilha das Flores contribuiu para o controlo de Hedychium gardnerianum através do arranque das folhas e posterior desenraizamento dos rizomas.

Campo de voluntariado na ilha das Flores: Um voluntário a desenraizar rizomas de Hedychium gardnerianum 

Trata-se de uma planta perene e com um crescimento até 1,5-3 metros, com rizomas de grandes dimensões, apresentando caules folhosos. As folhas desta espécie são verdes escuras, as flores tubolosas, amarelas com um estame vermelho e com uma inflorescência ereta (espigas). Os frutos estão em cápsulas, vermelho-alaranjadas por dentro, sendo que estas contêm inúmeras sementes pequenas avermelhadas envoltas por um arilo.

Outra planta invasora que foi controlada durante o campo de voluntariado nas ilhas Graciosa, Pico e Santa Maria, foi o Carpobrotus edulis. A espécie é originária da África do Sul, pertence à família Aizoaceae, sendo também conhecida como chorão-das-praias. Esta planta encontra-se em todas as ilhas dos Açores, muito comum na costa e tem uma elevada dispersão e impacto por todo o mundo. A sua capacidade de dispersão, tanto de forma vegetativa, como através da produção de sementes, permite uma rápida colonização de novas áreas e a criação de um manto sempre verde e resistente ao pisoteio, animais e falta de água.

A planta tem caules escamosos muito ramificados, que podem atingir vários metros e folhas de cor verde vivo, por vezes com tonalidade avermelhada ou roxa. As flores têm várias pétalas de cor amarela ou rosada e estames amarelos e os frutos têm forma ovóide. 

Campo de voluntariado na ilha de Santa Maria: Uma voluntária a arrancar Carpobrotus edulis.

Nas ilhas indicadas foi feito o controlo de Carpobrotus edulis através do arranque manual e com auxílio de ferramenta.

A remoção de plantas invasoras é geralmente feita na totalidade, incluindo raízes ou rizomas, para evitar a regeneração vegetativa futura da mesma. 

Para mitigar o impacto das plantas invasoras sobre as nativas, a longo prazo, são necessárias intervenções regulares e contínuas, pelo que o trabalho foi sempre realizado em conjunto com as equipas técnicas dos Parques Naturais de cada ilha e envolvidos diversos grupos de voluntários, nomeadamente da comunidade, escolas, instituições sociais e empresas, mas destacando-se o grupo de jovens locais, que constitui parte significativa dos voluntários que participam nestes campo, procurando-se informar e capacitar para difusão de ações quando regressados às suas ilhas e comunidade, bem como orientar e reorientar pela via académica ou profissional para a área da conservação da natureza. 

Volunteer Escapes Camps Açores: Controlo de Invasoras e Voluntariado Local

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