Gilbardeira, um arbusto sem folhas
28 Jun 2023
Gilbardeira, um arbusto sem folhas
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A Gilbardeira, Ruscus aculeatus, da família das asparagáceas, é um arbusto nativo de Portugal e de várias regiões da Europa. Conhecida por diferentes nomes comuns, como “Gilbardeira”, “Açafate”, “Açafroeira” e “Murta-brava”.

Ao olharmos para a Gilbardeira diríamos que ela tem folhas, mas na realidade o que observamos são caules espalmados, chamados Cladóidos, que terminam numa estrutura semelhante a um espinho. Estes cladódios são estruturas modificadas para a fotossíntese, possuindo clorofila, sendo, portanto, capazes de converter a luz solar em energia.  Ao contrário das folhas normais, os cladódios da Gilbardeira possuem uma longa vida útil, uma adaptação que contribui para a sua capacidade de resistir às condições ambientais adversas. Para além disso é na parte inferior dos cladódios que podemos encontrar as flores e frutos da Gilbardeira.

As flores pequenas e pouco vistosas, de cor verde, são polinizadas por insetos, como abelhas e moscas. Os frutos são bagas vermelhas brilhantes, que amadurecem no outono e permanecem no arbusto durante o inverno. Embora tóxicas para os seres humanos, as bagas da Gilbardeira são uma fonte de alimento para algumas espécies de aves, que, por sua vez, contribuem para a propagação da espécie.

Nem todas as Gilbardeiras produzem bagas, pois trata-se de uma planta dioica, o que significa que existem indivíduos masculinos e femininos. Além do seu uso ornamental, a Gilbardeira também tem aplicações medicinais em algumas culturas tradicionais europeias. Acredita-se que as suas raízes têm propriedades diuréticas e sejam usadas para tratar problemas urinários. Para além disso, os caules jovens são comestíveis, podendo ser preparados tal como os espargos.

Na natureza, a Gilbardeira pode ser encontrada em diversos habitats, desde florestas de folhas caducas, florestas de coníferas, matagais e bosques. Pode crescer em solos diversos, incluindo solos argilosos, arenosos e calcários. No entanto, prefere solos ricos em matéria orgânica e bem drenados. É capaz de tolerar diferentes condições de luz, sendo encontrada principalmente em áreas semi-sombreadas. Desempenha um papel importante como planta de cobertura de solo e abrigo para pequenos animais, como insetos e répteis.

Dada a sua resistência, a Gilbardeira é uma planta muito procurada para diversos tipos de decorações, especialmente as natalícias, que resultou num aumento da sua colheita desregrada. Por esta razão, as autoridades europeias incluíram a Gilbardeira na lista de espécies da Diretiva Habitats – Anexo V, que regula a colheita dessa planta na natureza. Apesar disso, a Gilbardeira é relativamente comum em Portugal e suas populações foram consideradas estáveis na maioria dos países europeus, sendo por isso classificada como “Pouco Preocupante” em termos de proteção.

Gilbardeira, um arbusto sem folhas

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