Crónicas de campo #10
O sabugueiro ou rosa-do-bem-fazer, revela no seu nome comum vários usos populares úteis e apreciados, entre eles, de referir as propriedades medicinais das flores e frutos maduros no reforço do sistema imunitário, tratamento de gripes e diabetes e, uso na produção vinícola para dar cor ao vinho. Tem por nome científico Sambucus nigra (=preto) que remete para a cor escura dos seus frutos.
Arbusto de solos frescos que aparece tanto em linhas de água, como em bosques de carvalhos, disperso por todo o país, sendo mais raro no Algarve. Com raízes resistentes, rebenta facilmente pela raiz em caules múltiplos num aspeto denso e desorganizado, com tendência a formar sebes e tal como a maioria das ripícolas tem folha caduca.
No Parque Natural de Sintra-Cascais, em concreto nas áreas da Peninha e da Encosta do Monge, tem sido uma das espécies com maior regeneração natural e também plantada, pelos vários benefícios que trás, ora vejamos alguns:
- Formação de sebes densas: bom abrigo dos ventos marítimos e potenciação de refúgio para a regeneração de carvalhos e crescimento mais estruturado das plantações;
- Folhagem caduca: enriquecimento do solo em matéria orgânica com a decomposição da folhagem no inverno e criação de abrigo para a microfauna, como a salamandra e o rato-do-campo;
- Floração exuberante e melífera (Abril a Junho): fonte de alimento para polinizadores, como as abelhas e diversos coleópteros;
- Bagas abundantes (Julho a Setembro): alimento para passeriformes como as toutinegras ou os melros.
A densidade crescente de núcleos de sabugueiro nas áreas de gestão do Parque tem permitido, em poucos anos, acelerar o enriquecimento dos solos, a criação de microclimas mais abrigados, a disponibilização de alimento para a fauna selvagem e aumentar a taxa de sucesso das plantações devido às boas condições ecológicas que esta espécie proporciona.