Pitósporo, uma invasora resiliente
24 Out 2025
Pitósporo, uma invasora resiliente
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Crónica de campo #22

Na crónica deste mês falamos sobre o pitósporo, uma exótica invasora do sudeste da Austrália, de zonas húmidas e ensolaradas.

Este espécie de nome científico Pittosporum undulatum, devido o nome às suas folhas alongadas e onduladas nas margens.

Foi introduzida em Portugal desde à cerca de dois séculos, principalmente em zonas favoráveis ao seu crescimento como ornamental em zonas húmidas como os Açores, a Mata Nacional do Bussaco e a Serra e jardins históricos de Sintra. Atualmente, é nestas regiões que mantém um foco de invasão em maior escala.

Pode se tornar uma árvore com 15 metros de altura, cresce em solos pobres e gosta de sol e humidade, apesar de se poder adaptar a ambientes mais sombrios como é o caso das regiões onde existe no território nacional.

As raízes são robustas tendo alguma facilidade em enraizar em novas rochosas e colonizar o solo em profundidade, o seu crescimento rápido aliado à toxicidade que liberta no solo e a constante fertilidade para produzir sementes (pode chegar a 37.500 sementes/árvore/ano) torna-a uma invasora agressiva comprometendo a regeneração dos habitats nativos. A sua floração aromática, semelhante à flor-de-laranjeira, atrai polinizadores assim como os frutos que são facilmente digeridos e dispersos pelas aves, o que potencia a dispersão dos focos de invasão. É também muito reativa a regenerar com rebentos pelo tronco quando descascada ou cortada ou pelas raízes, o que torna o seu controlo difícil e moroso.

As áreas de intervenção da Associação no Parque Natural de Sintra-Cascais e na Mata do Bussaco, têm núcleos da espécie e as diversas abordagens têm sido aplicadas para o seu controle através da monda de sementes (fase mais eficaz de eliminação precoce), desenraizamento de indivíduos jovens (igualmente eficaz), descasque do tronco de árvores adultas para exposição e secagem da seiva (técnica com menos eficácia de todas). O descasque das árvores adultas tem sido a técnica com menos resultados, as árvores têm tendência a regenerar com casca nova e rebentar com ramagem secundária pelo tronco ou pela raiz.

De momento, para promover os resultados de descasque está em teste uma nova técnica, com o descasque e aplicação de uma solução salina na seiva para queimar a mesma. As primeiras intervenções foram efetuadas este verão em indivíduos de grande porte e havendo resultados positivos será uma abordagem a replicar para o futuro.

Pitósporo, uma invasora resiliente

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