Abundantes, e por isso muitas vezes ignoradas, mas no mundo dos pequenos organismos as formigas são das mais bem-sucedidas evoluções, com mais de 14.000 mil espécies descritas no mundo. O sucesso biológico das formigas está assente especialmente na forma complexa como funcionam, as colónias são organizadas numa sociedade altamente organizada e operam sob a premissa de divisão de trabalho e cuidado cooperativo da descendência.
As colónias têm normalmente três “castas”: a rainha que é o vetor reprodutivo da colónia, é ela que coloca todos os ovos; as obreiras, fêmeas estéreis, que tomam conta da colónia, trabalham na defesa, cuidados da descendência, alimentação (que pode ser altamente variada, entre espécies com dietas onívoras, granívoro ou fungívoras), construção do formigueiro, entre outras; e os machos que apenas têm a função de acasalar com as rainhas jovens.
Em Portugal continental, temos cerca de 126 espécies conhecidas e que podem ser divididas em três grupos: as formigas de jardim (mais comum Lasius grandis), pequenas e constantes, as formigas ceifadoras (mais comum Messor barbarus), normalmente grande porte e alimentam-se de grãos, fundamentais para a dispersão de sementes e as formigas arbóreas (mais comum Crematogaster scutellaris) que nidifcam em madeira nas florestas.
No Parque Natural de Sintra-Cascais, as espécies mais comuns que encontramos são a formiga argentina (Linepithema humile), uma espécie invasora e abundante em áreas residenciais e jardins, a formiga carpinteira (Camponotus spp.) que faz ninhos em troncos de árvores, e a formiga da cortiça (Crematogaster scutellaris) que são muito comuns em zonas florestais, e nidificam em sobreiros (na cortiça) ou em madeira morta.
Fonte: https://www.biodiversity4all.org/taxa/62781-Camponotus
Fonte: https://www.biodiversity4all.org/taxa/68165-Linepithema-humile
As formigas nativas são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas florestais portugueses. Para além de providenciarem serviços como a dispersão de sementes, no caso das formigas ceifadoras, as espécies carnívoras/omnívoras são essenciais como controlo de pragas, como é o caso das formigas da cortiça que são um predador natural dos ovos da processionária do pinheiro. Apoiam também no controlo de espécies invasoras, nomeadamente as espécies nativas mais agressivas, que mantêm as populações de formiga argentina controladas.
Além destes serviços, a construção dos formigueiros, e o transporte de materiais vegetais que estes organismos fazem numa base diária permite o arejamento dos solos, decomposição de madeira morta e reciclagem de nutrientes, tornam as florestas em ecossistemas mais ricos e permitindo o aparecimento de outras espécies que beneficiam destas condições ecológicas.
A mirmecofauna (formigas) portuguesa é imprescindivel para o equilibrio da natureza.
