Manter o enfoque no combate aos incêndios é estarmos a tentar resolver um problema a jusante, quando a sua resolução está a montante. É como ter o telhado com uma infiltração e pensar que a solução é adquirir mais, maiores e melhores baldes.
Os fogos não se vão extinguir com água, nem existe um país sem fogos. Tal apenas tem servido interesses, mas não os da floresta, do território ou dos cidadãos. Enquanto isso, o estado, mas também os cidadãos, parecem demitir-se das soluções, rendendo-se ao folclore que os meios de comunicação social fazem dos incêndios, quando deveriam gerar massa crítica na sociedade, geradora de mudanças positivas.
Para tentarmos resolver o problema temos que revitalizar o mundo rural retribuindo quem o ocupa pelos serviços de ecossistema que podem fornecer, fomentar uma economia ambiental baseada no restauro ecológico e na restituição da floresta nativa, reativar os serviços florestais que permitam uma gestão global e permanente do território, envolver e apoiar as organizações ambientais que estão no terreno e que consubstanciam soluções de intervenção, cooperação e fonte de conhecimento, regular as monoculturas de eucaliptal e pinhal, controlar acacial, silvados e matos, sem que nos pareça alarmante o recurso ao controlo biológico e ao fogo controlado, promover a biodiversidade das espécies vegetais autóctones como fator de resiliência aos incêndios e como repositório de produtos e serviços de alto valor acrescentado, dotar as entidades e medidas de conhecimento científico, profissionalizar os bombeiros e envolver a comunidade.
O projeto da Plantar Uma Árvore é uma solução que nasceu da vontade de cidadãos anónimos e que cresce da base para o topo e que vai continuar a dar a oportunidade a que cada vez mais cidadãos possam envolver- se nas soluções em que acredita.