Crónica de campo #16
Na crónica deste mês, falamos sobre a gestão de lenha, um recurso que pode trazer desafios, mas também muitos benefícios nos ecossistemas florestais.
A lenha inclui-se na matéria morta lenhosa que se acumula num ecossistema florestal de forma induzida, através de trabalhos de abate e de podas ou de forma natural por fenómenos naturais como tempestades, doenças e envelhecimento natural das plantas. Este acumular de recursos, aparentemente caótico, cria a oportunidade para o ecossistema se renovar ao enriquecer o solo com a decomposição da matéria orgânica; criar nichos de biodiversidade para os decompositores como alguns fungos, as térmitas ou até as larvas de escaravelhos como a vaca-loura e ser refúgio para roedores como o rato-do-campo, dinâmicas naturais necessárias para manter habitats florestais saudáveis, vivos e biodiversos.
No entanto, o seu acumular desordenado também pode trazer os seus desafios ao criar obstáculos à dispersão e germinação de novas sementes, danificar o porte e crescimento de árvores jovens com a colisão de volumes de madeira e criar focos de crescimento e expansão de matos como silvas e salsaparrilha que se apoiam nestas estruturas e, nomeadamente no período de estio, aumentar o risco de incêndios por poderem ser pontos fáceis de ignição.
As áreas de trabalho da associação têm contemplado a gestão destes recursos de forma a procurar um equilíbrio entre a preservação das dinâmicas naturais a potenciar e assegurar o sucesso de sobrevivência das plantações e regeneração nativa. A abordagem dos trabalhos nas várias áreas tem visado a separação da lenha em categorias e distintos destinos, vejamos quais:
– Troncos principais de grande porte: traçados em tocos e dispersos no terreno para renovação do ecossistema;
– Ramos principais: produção de tutores para sinalizar de plantações ou regeneração nativa a preservar;
– Ramagens secundárias e troncos jovens: remoção do terreno para conversão em estilha.