Controlar e monitorizar invasoras
23 Dez 2024
Controlar e monitorizar invasoras
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Crónica de campo #20 

Na crónica deste mês voltamos às exóticas invasoras, nomeadamente as acácias e os pitósporos e, à necessidade de planear e acompanhar as estratégias de intervenção ao longo dos anos.

A maioria das áreas onde a Associação desenvolve trabalho são terrenos ecologicamente degradados, resultado de uma alteração do uso e tipo de ocupação do solo pela intervenção humana, donde resultou, regra geral, o remover da vegetação nativa e a introdução de vegetação exótica que em poucas décadas regenerou e expandiu a sua área de ocupação ao ponto de atualmente crescerem de forma descontrolada e, por isso, serem consideradas exóticas (= vindas de outro país) e invasoras (= de crescimento competitivo).

– Fase inicial de germinação seminal (até 1 metro dimensão): monda manual;

– Fase intermédia de desenvolvimento (1 a 2 metros dimensão): desenraizamento com enxada/sacho;

– Fase posterior de árvore jovem a centenária (superior a 2 metros dimensão): desrama, descasque do tronco e exposição das raízes para secar de pé e, posteriormente, serrar a madeira morta.

Monda de acacial em área plantada
Desenraizamento de toiça de pitósporo
Descasque de núcleo denso de acácias
Pilha de lenha de descasque para fazer estilha

Para além de avaliar a dimensão dos indivíduos para decidir o tipo de técnica a adotar devemos ter em consideração outros fatores bióticos/naturais que possam existir no terreno para definir áreas prioritárias de intervenção:

– Regeneração nativa: identificar previamente os núcleos e fazer intervenções seletivas sem comprometer a sua preservação;

– Plantações: ter as mesmas precauções que no ponto anterior;

– Escarpas e afloramentos rochosos com núcleos isolados: assegurar a sua eliminação para evitar dispersão constante de sementes a longo prazo, pela ação da gravidade;

– Clareiras com boa exposição solar: focos potenciais de invasão com novas sementes pelo solo exposto sem competição natural de outras espécies;

– Linhas de água ou de escorrência: estas zonas mais húmidas são focos preferenciais de invasão e de crescimento acelerado.

Descasque de árvore de grande porte
Regeneração pela toiça de acácia

É, no entanto, importante referir que mesmo com uma boa avaliação prévia do contexto do terreno para identificar locais prioritários de intervenção e as técnicas manuais a aplicar, podem surgir, ainda assim constrangimentos como:

– Árvores adultas mais reativas que após o descasque regeneram pelo tronco e raízes com novos rebentos ou casca. Comum em zonas mais húmidas/sombrias que não criem stress hídrico ou, por serem alimentadas pelas raízes das árvores vizinhas;

– Núcleos em escarpas parcialmente controlados por estarem pouco acessíveis ou, muito enraizados nas rochas;

– Toiças de árvores antigas que foram cortadas com máquinas em intervenções anteriores e por isso crescem deformadas, sem dimensão para descasque ou, se sim, são mais resistentes a regenerar;

– Contaminação de sementes nas fronteiras com terrenos vizinhos sem intervenção.

Em todo o caso, a experiência de trabalho da Associação permite concluir que com método, persistência e consistência as intervenções dão resultados satisfatórios de restauro ecológico. Nos terrenos mais antigos, com gestão em contínuo, localizados nas parcelas da Peninha, Azóia e Estrada da Serra no Parque Natural de Sintra-Cascais, com mais de 10 anos de intervenções, é notória a regressão da área de invasoras e a expansão de regeneração natural de nativas que a longo prazo fazem o seu controlo natural, assim como a sua remoção ser decisiva para criar espaço para novas plantações e a manutenção da elevada taxa de sobrevivência nos primeiros anos de estabelecimento das plantas plantadas.

Controlo natural de germinações de acácias com nativas (tapete selvagem de carvalhiça consolidado)

Controlar e monitorizar invasoras

plantar_uma_arvore