A carriça (Troglodytes troglodytes) é uma das aves mais pequenas de Portugal e abundante nas nossas áreas de intervenção, nomeadamente no Parque Natural de Sintra-Cascais.
Este passeriforme de corpo pequeno e compacto, mas com um canto melodioso e potente, destaca-se pela sua lista branca superciliar, ou seja, por cima do olho na zona da sobrancelha, tem uma cauda curta e que está normalmente levantada tornando-se uma das características a procurar para a sua identificação. Não apresentando um dimorfismo sexual significativo, o macho e a fêmea são bastante semelhantes, possuindo um tom castanho-claro mais pálido na zona do ventre e mais intenso na zona dorsal, já nas asas e na cauda podem ver-se pintas e listras que lhes confere um aspeto sarapintado.
Fotografia: https://www.viva.fct.unl.pt/aves/troglodytes-troglodytes
Podemos encontrá-las sobretudo em zonas com galerias ridículas, mas também em bosques, com vegetação densa e desenvolvida ou até parques e zonas verdes urbanas. Sendo uma ave insetívora é neste habitat que vai caçando as suas presas de forma peculiar, já que tem como hábito entrar em cavidades e fendas para encontrar as larvas, caracóis, aranhas, entre outros artrópodes que fazem parte da sua dieta. É graças a este comportamento que ganhou o seu nome científico de Troglodytes troglodytes que deriva de “habitante das cavernas” em latim.
As carriças iniciam a sua época de reprodução em abril/maio, que coincide com a época de manutenção das nossas áreas de intervenção, e este ano tivemos a sorte de nos depararmos com um ninho desta espécie durante um dia de controlo de silvado na Peninha.
Os machos desta espécie são os responsáveis por construir o ninho, mas não se ficam só por um, construem vários ninhos escondidos entre os arbustos e vegetação de forma a não só dissuadir os preparadores, como também para aumentarem a sua probabilidade de serem escolhidos por uma fêmea.
Os ninhos são caracterizados por parecerem uma estrutura arredondada, com musgos, folhas, pequenos pauzinhos, penas e raízes com uma entrada muito pequena. O que encontrámos na Peninha tinha já pequenas crias, e por isso, deixámo-lo onde o encontrámos para que o casal de carriças a que pertence continuasse a cuidar delas.
A carriça é mais um dos animais que faz parte da fauna que encontramos ainda nas zonas de floresta nativa da Serra de Sintra e que beneficia dos trabalhos de conservação da natureza que fazemos.