Crónica de campo #15
Nesta crónica trazemos-lhe a cana-roca, uma herbácea vinda das montanhas asiáticas que pelo seu exotismo se tornou tendência nos jardins europeus, entre outros, também em terras lusas.
Em latim é conhecida como Hedychium gardnerianum e tem vários nomes comuns, como gengibre-amarelo, fazendo parte da família das Zingiberaceae tal como o gengibre e o cardomomo, plantas-especiarias que partilham consigo o mesmo tipo aspecto herbáceo com rizomas e folhas longas.
É nativa da montanhas da Índia, Himalaias e Nepal, podendo crescer em altitudes até aos 2000 metros em clima subtropical ou temperado.
Em Portugal, esta exótica encontra-se principalmente nos Açores e na Madeira e, pontualmente, na zona centro litoral do continente. Nestas regiões está geralmente associada aos jardins históricos e botânicos, tendo posteriormente se tornado comum também como ornamental nos jardins privados e públicos, onde encontrou as condições ecológicas para se estabelecer em solos ricos em matéria orgânica, por vezes encharcados de ribeiras, lagoas ou turfeiras e com clima húmido e ensolarado.
A sua dispersão ocorre tanto pela via vegetativa com a multiplicação dos rizomas como por semente através to vento e da avifauna. Habituadas a prosperar em ambiente ricos em nutrientes são de crescimento rápido trazendo facilmente problemas de competição local de ocupação de solo com o sistema denso de rizomas e excesso de ensombramento das folhas que ganham espaço às espécies nativas e, estando junto a zonas de água podem inclusive levar à obstrução do curso de água.
As equipas da associação já identificaram algumas populações em Portugal que atualmente necessitam de ser controladas pelo seu comportamento exótico invasor particularmente problemático nas ilhas. Os trabalhos efetuados nos campos de voluntariado nas ilhas da Graciosa e das Flores nos Açores assim como no percurso pedestre de Seteais no Parque Natural de Sintra-Cascais têm tido também como foco na sua remoção. Nos Açores foram removidas em turfeiras, enquanto que em Sintra nas margens de uma ribeira que atravessa o trilho em intervenção. Optou-se pelo corte aéreo das folhas de maior porte e posterior desenraizamento dos rizomas que foram empilhados preferencialmente em locais impermeabilizados para decomposição sem risco de regeneração.