Existem muitos benefícios em aplicar técnicas de engenharia natural em áreas naturalmente degradadas. Este mês vamos falar de uma técnica que utilizamos nas nossas saídas de campo ao Alentejo: a construção de charcas.
Quando se tenta fazer o restauro ecológico de uma zona natural degradada há vários factores a ter em consideração e vários pontos a analisar, como o tipo de zona natural estamos a querer restaurar, qual o propósito desta zona, qual a maneira mais natural de o fazer.
A Engenharia Natural é uma prática que combina vários princípios da engenharia com conceitos biológicos e ecológicos e que podem ser aplicados para ajudar no restauro ecológico e requalificação paisagística de zonas naturais através do controlo de erosão, estabilização de solos e margem fluviais, através do uso da combinação de materiais vivos e inertes.
Uma das técnicas que aplicamos na área onde trabalhamos nas saídas de campo à Vidigueira é a construção de charcas temporárias (que no futuro se tornaram mais permanentes).
Numa zona que peca pela escassez de água durante o ano, especialmente durante o verão, tentámos pensar em algumas soluções para poder aumentar a eficácia das regas das muitas plantas já plantadas na área. A construção de charcas em zonas estratégicas da propriedade, como o topo das encostas, possibilitam a infiltração de água nestas encostas através da escorrência, disponibilizando água às raízes das plantações.
Estas charcas não só possibilitam esta infiltração de água em alturas de chuva, mas também ao longo do tempo, com o aparecimento de vegetação ribeirinha, que estabilizam as margens e criam ambientes húmidos, vão se tornando refúgios de biodiversidade para muitas espécies de anfíbios, insectos e invertebrados, e hotspots de água para outros animais.