A repicagem consiste no transplante de jovens plantas do local de onde germinaram para um outro. De que forma podemos usar a repicagem em prol da conservação da natureza?
Nas imagens pode observar a equipa de voluntários da Mata do Bussaco a aplicar esta técnica para recolher jovens Azereiros (Prunus lusitânica, uma espécie rara que persiste desde o Terciário e que por isso é considerada uma relíquia das florestas de Laurisilvas) que, ao germinar nas beiras dos caminhos destinados à visitação, não teriam grandes probabilidades de sobreviver devido ao pisoteio ou à roça mecânica.
Por esta razão, quando as jovens plantas atingiram cerca de 3 a 10 cm de altura e após alguns dias de abundante chuva para que o solo fique bem molhado, a equipa conseguiu remover os Azereiros com a raiz na sua totalidade sem que fosse danificada.
As plantas foram colocadas em água e, minutos após terem sido recolhidas, foram plantadas em vasos e colocadas no viveiro para que na próxima época de plantação possam ser devolvidas à floresta e plantadas em locais onde possam prosperar.
Com este trabalho os voluntários contribuem para a conservação de uma maior diversidade genética, ao manter o potencial evolutivo da população de Azereiro da Mata do Bussaco.
A repicagem dos Azereiros – ou de qualquer outra espécie – permite reflorestar os locais ecologicamente degradados da Mata sem que seja necessário trazer a mesma espécie de outros locais, com genéticas provavelmente diferentes, com o risco de se suplantar à genética já existente na Mata. Desta forma, fica assim assegurado que os cruzamentos que ocorrerem são entre indivíduos da mesma população, mantendo a mesma evolução genética e aumentando a diversidade genética entre diferentes populações.
A mesma lógica se aplica ao realizar sementeiras com sementes recolhidas na Mata, com o objetivo de propagação de novas plantas para plantar na Mata do Bussaco.
