Crónica de campo #9
O solo é a camada superficial da crosta terrestre, constituído essencialmente por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e seres vivos, elementos essenciais para a existência de vida e fertilidade dos solos.
Os solos sustentam 99% da produção de biomassa e são um regulador ambiental através da sua intervenção no ciclo hidrológico e ciclos biogeoquímicos. Atuam como um filtro, acumulador, amortecedor e transformador de diversos compostos que circulam entre a atmosfera, a hidrosfera e os organismos vivos, e são uma reserva da biodiversidade com o seu banco de sementes e uma grande diversidade de organismos.
Os decompositores (bactérias, fungos, invertebrados…) são essenciais para o desenvolvimento de espécies vegetais no solo. Fazem o papel de reciclagem da matéria orgânica, transformando-a em nutrientes que vão ser utilizados por outros seres vivos. Através da decomposição, os nutrientes que fazem parte de um ecossistema são constantemente reciclados. Os decompositores são transformadores de energia, desempenhando um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. A grande maioria das plantas, por exemplo, são extremamente dependentes desse processo.
A diversidade de micro-organismos no solo encontra-se diretamente relacionada com a variedade de plantas e árvores existentes e vice-versa. O processo de decomposição depende da interação de alguns fatores, como a comunidade de seres vivos existente no solo, grau de humidade do solo (capacidade de retenção de água e temperatura) ou o pH do solo (grau de acidificação).
A cobertura verde dos solos e a existência de árvores são fundamentais para retenção da água nos solos, por isso se vê que as zonas mais verdes e abundantes em vegetação são mais húmidas e férteis. As raízes desempenham um papel essencial no combate à erosão dos solos e retenção dos nutrientes e minerais fundamentais ao desenvolvimento da vida. Os solos funcionam ainda como um reservatório de água, libertando-a lentamente, permitindo ter rios e ribeiras com água o ano todo.
O pH do solo influencia diretamente a capacidade de absorção das raízes e também a competência e saúde dos micro-organismos que vivem nele. Logo, o pH do solo afeta de forma significativa a produtividade, fertilidade, rentabilidade e qualidade dos produtos obtidos (sejam árvores, alimentos ou outros).
O solo é um recurso que se forma muito lentamente, cerca de 1 cm a cada 100 anos, mas que pode ser degradado em poucos anos, pelo que à escala de tempo da vida humana, o solo é um recurso natural não renovável e um capital natural insubstituível para o futuro.
Quando em equilíbrio, o solo trabalha em simbiose com os vários organismos decompositores e raízes para fornecer à planta tudo o que ela precisa. Quanto maior a diversidade de plantas, maior é a capacidade destas de se protegerem e crescerem saudáveis. É na diversidade que está o ganho, em todos os aspetos. Seja pela variedade de alimentos que se produz, pela diferença de nutrientes que são absorvidos e libertados nos solos (não levando à escassez de nutrientes existente numa monocultura), pela riqueza de biodiversidade que proporciona e proteção contra pragas.
Na Plantar uma Árvore tentamos o melhor que sabemos para adequar as plantas que plantamos ao tipo de clima, à região e tipos de solo existente, optando sempre por plantar a maior diversidade de espécies possíveis. Não é possível ter solo sem uma floresta, mas também não temos floresta sem um solo saudável.